A palavra Aratuntum significa novidade no idioma iorubá, e foi o título da exposição que inaugurou a Galeria Boa Vista, tendo recebido 170 visitantes nos 50 dias em que esteve aberta ao público. 

 Foram expostas dezoito obras inéditas na técnica de assemblagem com materiais diversos, em tamanhos e formatos variados.  

 O tema dominante nesses trabalhos, que representa a continuidade de uma linha de produção do artista iniciada em 2010 com “Proteção”, é uma recuperação da memória do cotidiano, proporcionando narrativas mediadas pela atribuição de novos significados a objetos incluídos na composição. O processo criativo envolve a interferência em materiais impregnados, como antigas fotografias, usando pintura, colagem, veladura, fios costurados, etc.

 Entende-se aqui por Impregnação o conteúdo acumulado em objetos como uma toalha de enxoval, vista como testemunho de uma possível história que inclui a pessoa que bordou, os diferentes usos por que passou, e a ocasião que motivou seu descarte. Ou seja, resgata-se do abandono um objeto prenhe de significações, impregnado de memória, sendo desta forma desviado seu curso em direção ao esquecimento. Ganha assim uma nova vida, compondo uma obra de arte que amplia suas interpretações.  

 Como resultado, esses trabalhos falam de conflitos pessoais ou existenciais, permeados de conteúdos psicanalíticos.

 Os breves títulos atribuídos às obras fornecem ao público uma possível chave de leitura, consistindo em referências poéticas, literárias, históricas, religiosas ou mitológicas aos elementos compositivos, por exemplo, “Lôba”, “Rizoma”, ou “Areia Movediça”.