Ao entrar nesta exposição, os visitantes se deparavam com os versos do poeta simbolista Stefan George:
“… a arfante folhagem ressecada / golpeia com mão invisível.”
O projeto apresentado ao espaço levou em conta a coerência com o entorno, o jardim histórico da antiga propriedade dos barões do mate no Alto da Glória em Curitiba, conhecida como Palacete dos Leões, com suas fileiras de antigas camélias – flores que simbolizavam o movimento abolicionista no Brasil. Atualmente, o espaço é gerido pelo BRDE.
Ficou em cartaz em novembro e dezembro de 2014. A edição original foi em parceria com obras de Thais Itapema, de forma a estabelecer um diálogo entre as produções dos dois artistas. A curadoria ficou sob responsabilidade de Mario Sergio Freitas.
Em sua contribuição para a exposição, Rafael Codognoto lançou mão de fragmentos de tapeçarias roídas encontradas no lixo, pequenas caixas e bandejas, agregando-as aos suportes juntamente a materiais diversos como pentes, pregos, amostras de plantas, e recortes de fotografias descartadas.
Como resultado, emergem da técnica da assemblagem configurações típicas do universo do Jardim que carregam consigo fragmentos rejeitados vindos do mundo da Casa.
Remete-se aqui à poética do Jardim e às mitologias ocidentais a ele associadas, permeadas de processos ilusórios, de estados alternativos de consciência, do fascínio oferecido pelas tentações, do fracasso dos procedimentos programados pela educação familiar que trazemos em nossos circuitos internos. Neste ambiente inseguro que antagoniza o da Casa, são revelados poderes que transgridem o conservadorismo das relações ditas civilizadas.
Segundo o texto de apresentação de Mario Sergio Freitas, “Abelhas bordam trajetórias entre os canteiros simétricos do palacete histórico que acolhe esta exposição, com o pomar a oferecer ouriços de castanhas e laranjas de um raro sumo avermelhado. Cabe ao visitante despir seu olhar e defrontar-se com o Jardim de seu imaginário.”
Uma seleção dos trabalhos de Canteiro de Espinhos foi feita por Rafael Codognoto para a sua reedição na Galeria Boa Vista, em cartaz de 1 de outubro a 1 de dezembro de 2019, com curadoria de Mario Sergio Freitas.